A Dança do Urubu e o Mimizinho Curandô

SINOPSE

A Dança do Urubu e o Mimizinho Curadô” é um espetáculo que faz a representação de uma história da vida de Miguel Antunes de Freitas, o Mestre Mimi. A trama inicia na infância quando ele era agregado e peleava para chegar na escola. O trabalho possui uma estética de teatro popular de bonecos tendo por referência o Teatro de Mamulengo, sendo os personagens construídos com serragem, matéria-prima abundante na região.

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Livre

SOBRE A OBRA:

Miguel Antunes de Freitas, natural de Campo Belo do Sul/SC, 81 anos, passou a maior parte da vida em Lages/SC. Foi pinante (ajudante de tropa), tropeiro, casou-se com Jucelia Maria de Oliveira Freitas, natural de Bocaína do Sul, empregada doméstica, juntos tiveram 5 filhos. Trabalhou por décadas na indústria madereira, foi médium em terreiro de Umbanda, perdeu a esposa aos 54 anos e terminou sozinho a criação dos filhos.

O caçula Adilson Freitas, o Grillo Seco, se tornou ator, contador de causos e griô aprendiz. Justamente no Programa Ação Griô Nacional do Ministério da Cultura em 2008, Adilson propôs ao pai que participasse das ações na escola, contando os causos que sempre contara aos filhos. Seu Miguel já aponsentado, aceitou o desafio e passou a frequentar a Escola Municipal de Educação Básica Izidoro Marin, na rua de sua casa. O repertório de causos foi aumentando à medida que Seu Miguel sentia-se estimulado pelas crianças. Numa oportunidade, tamanha era agitação no ambiente que ele lembrou de seu avô Pai Grande, em volta de um fogo de chão, tocando uma gaita ponto (acordeon de 8 baixos) lhe ensinando a Dança do Urubu. Foi uma verdadeira revolução, a Dança do Urubu se tornou tema gerador do projeto e Seu Miguel assumiu a persona de Mestre Mimi, passando a ser conhecido e reconhecido dessa forma pela família, comunidade e Poder Público. A Dança do Urubu virou revista, clipe, minidocumentário, atividade pedagógica e, nessa montagem: teatro popular de bonecos.

A montagem do espetáculo está alicerçada num conjunto de elementos relacionados a história de vida do Mestre Mimi, aliando tradição, reinvenção e inovação.

A tradição se expressa pela manutenção de saberes ancestrais, pois a Dança de Urubu é uma adaptação local para o tema folclórico Urubu Malandro gravado pela primeira vez em 1914 por Lourival Inácio de Carvalho. Está presente na referência ao Teatro de Mamulengo, linguagem que se aproxima do espetáculo por seu caráter popular e regional, numa estética coerente com a temática, e pela presença da artista e bonequeira Maria Fernandes, com décadas de experiência nessa linguagem teatral. Reinvenção, ao utilizar novas possibilidades técnicas para a difusão dos saberes de tradição oral como o teatro de animação e a dramaturgia regional para bonecos, para falar de um personagem que não faz parte da narrativa escrita pela história ofical. Inovação, ao desenvolver uma nova técnica de manufatura artesanal a partir de uma massa de serragem, resíduo do beneficiamento da madeira, abundante e atrelada à memória sócio-econômica da região, conferindo aos bonecos produzidos uma textura singular e simbólica.

Por último, a composição da trilha sonora a cargo de um sacerdote e alabê (tocador de tambor) de religião de matriz africana, num lugar usualmente ocupado por um acordeonista ou um trio de forró, no caso da tradição dos mamulengos, é coerente com a história do Mestre, conferindo nova dinâmica na utilização da música no espetáculo.

FICHA TÉCNICA: